segunda-feira, 15 de julho de 2019

Luto pelo falecimento de Eros Miguel Conceição


19 de janeiro de 1979


A cidade de Tiradentes e o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes  estão de luto pelo falecimento, no dia 16 de agosto de 2012, do nosso querido sócio fundador Eros Miguel Conceição.

Eros nasceu em 1939, era filho de Vicente Conceição e Dagmar Moura e, desde cedo, aprendeu com o pai e os irmãos (Juca e Mitula) o ofício de ourives, que exerceu durante muitos anos com grande maestria. Na vida, Eros foi o “homem dos sete ofícios”, pois tudo o que se arvorava em fazer, fazia-o bem. Foi secretário do Ginásio São João Evangelista, depois D. Delfim Ribeiro Guedes e, hoje, Escola Estadual Basílio da Gama; presidente e tesoureiro do IHGT; tesoureiro da Sociedade de Amigos de Tiradentes (SAT); da Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários (SCBU) da qual também foi um dos fundadores. Eletricista, trabalhou com segurança para particulares e especialmente nas igrejas como S. João Evangelista, Bom Jesus e Bichinho.

Dedicou grande parte de seu tempo às igrejas e ao patrimônio de Tiradentes. Era ele quem montava a capela do Santíssimo Sacramento, na Quarta-feira Santa, com inventividade e esmero; foi ele quem primeiro iluminou os andores para as procissões com bateria de caminhão, uma grande novidade; foi ele quem consertou, juntamente com a equipe do IPHAN, o bicentenário relógio da torre da Matriz, fazendo-o de novo reviver as horas; era ele quem ajudava a vestir o Senhor dos Passos e ornamentá-lo, era ele e eu que montávamos o Calvário para o Descendimento, na Sexta-feira da Paixão; e muitas outras coisas mais.

Com sua paciência e cuidado, fez a primeira miniatura do Relógio do Sol e, depois, chegou a fazer um com números de ouro. Brigou muito contra o desmatamento e a favor da preservação da Serra de São José, tendo assinado, em 1979, o seu pedido de tombamento em nível Federal. Entre tantas coisas, achava tempo para fotografar eventos e pessoas da cidade desde os anos 1960, possuindo um histórico acervo que vai desde a inauguração do seminário diocesano e da estrada asfaltada até as enchentes e chuvas de granizo.


Eros, ao centro e de terno branco, em 1949.


Dedicou-se de corpo e alma ao teatro, com a criação do Grupo Entre & Vista, até sua morte, tendo, inclusive, o transformado em Ponto de Cultura do MINC. Foi músico da Banda Ramalho, tocando saxofone e promovendo serenatas. Ultimamente, criou um coral no Teatro Entre & Vista, com belas apresentações, e gravou um cd com hinos e músicas sobre a cidade, de especial interesse para Tiradentes.

Durante muitos anos, cuidou das torres de transmissão de sinal de televisão, mesmo quando as antenas eram no alto da Serra das Águas Santas, as vezes indo a pé e a noite até a torre para consertar a transmissão. E não sei quantas coisas fazia em prol da cidade e do nosso patrimônio...

No Instituto Histórico manteve acesa a chama de amor a cidade, sua história, seu patrimônio, desde 1977. Era uma dessas pessoas raras, íntegra e honesta, com seu jeito simples, de pouca conversa, ranzinza, bravo quando necessário, avesso a ser fotografado, embora fosse fotógrafo.

Eros nos deixa um exemplo de trabalho, persistência e dedicação à comunidade, sem esquecer que além de católico fervoroso, era Vicentino da Conferência de Nossa Senhora do Rosário. Nas vigílias de Quinta para Sexta-feira Santa, além de ornamentar a capela, ele passava a noite inteira em adoração ao Santíssimo Sacramento.

Mais não poderei dizer, porquê as palavras são poucas para tantas ações, ficando aqui uma palavra de agradecimento por tudo que fez e pela sua convivência conosco e de saudade, pois muita falta fará. Adeus Eros, com o nosso carinho.

Olinto Rodrigues dos Santos, pelo IHGT.

Eros, na reunião solene do IHGT, em 19 de janeiro de 2010





Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Caixa d’Água e o Chalé da Baronesa

Estrada da Caixa D'água, antigo leito da Estrada de Ferro, com a Capela de N. Fátima, construída no final do séc. XX essa e as demai...