fotografia publicada na revista O Cruzeiro, 1967 |
Vicente de Paula Velloso nasceu em nove de setembro de 1889, nos últimos dias do império. Era filho de Dona Maria José Velloso, a “Sá Cota Velloso”, zeladora apaixonada da matriz de Tiradentes, e de Francisco Joaquim Ribeiro. Ainda cedo, o menino ingressou no seminário de Mariana, influenciado pela fé de sua mãe, do irmão Pe. João Teodorico e do padrinho Pe. João Batista da Fonseca.
No seminário, adquiriu vasto conhecimento, pois era homem de rara inteligência. Sentindo não ter vocação sacerdotal, abandona o seminário e volta para Tiradentes, assumindo, no início do século, o cargo de contador e distribuidor do fórum de Tiradentes, no qual se aposentou. A demência o atacou ainda com pouca idade. Contava-se que foi por uma desilusão amorosa, uma paixão por uma certa Alice, que durou até o fim da vida.
Vicente Velloso estudou música com outros irmãos na escola do Clube Euterpe Tiradentino, aberta em 1896, tornando-se exímio músico e compositor, tendo legado à posterioridade um belo “Tatum Ergo” para a Benção do Santíssimo e um hino a Santo Antônio “Ó Língua Bedicta”, cujos originais estão guardados no arquivo da Orquestra Ramalho.
Com suas longas barbas grisalhas, um surrado sobretudo cinza e um bastão, a figura do ancião impressionava a todos e assustava as crianças do nosso tempo. Vicente Velloso era conhecido pelo apelido de “Bolas Pelotas”, que ele odiava. Contava-se que com a demência ele certa vez ouviu o nome da cidade de Pelotas-RS e passou a murmurar pelas ruas: “- Ora, como pode uma cidade chamar-se Pelotas... ora bolas Pelotas...” Daí o apelido, gritado pelas crianças, pelas ruas da cidade. Trazia o velho Velloso sempre um terço na mão, a murmurar pelas ruas palavras em latim, sempre perambulando ou sentado no adro da matriz, posando para pintores ou assustando crianças.
A figura inesquecível de nossos tempos de criança deixou o mundo no dia cinco de agosto de 1968, de “moléstia do coração”, solteiro, na residência de sua família à Rua Frei Velloso, 186, hoje Rua Santíssima Trindade. Olinto Rodrigues dos Santos Filho, sócio do IHGT.
Cartão de visita, 1928, com bilhete ao maestro Joaquim Ramalho |
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