Como é de conhecimento geral, até o final do segundo reinado do Brasil, os registros de nascimento, óbito e casamento eram feitos apenas pela igreja católica, onde eram celebrados os atos de batismo, casamento e sepultamento de toda a população. Proclamada a república, a religião católica deixou de ser a religião oficial do país e os registros passavam oficialmente a serem feitos nos cartórios de registro civil e notas.
O primeiro registro de nascimento anotado no livro número 1 aberto para esse fim foi o de Silvestre, filho de José Luiz Ramalho, maestro da atual Orquestra Ramalho. O curioso é que o pai foi declarante e não aparece o nome da mãe, que era Josefina Ferreira Barbosa Ramalho. Também não aparece o nome completo, que deveria ser Silvestre Ramalho, que herdou o prenome do avô, Silvestre Ferreira Barbosa, pai de Josefina Ferreira Barbosa. Consta, ainda, a margem, uma anotação que diz que a criança foi batizada na casa do vigário João José de Faria, sendo o padre também padrinho e a madrinha a irmã do recém nascido, Maria da Conceição das Mercês, que depois casou-se com Abdias de Faria. A criança foi registra no dia 31 de dezembro de 1888, curiosamente, antes da proclamação da república, e batizada em 2 de janeiro de 1889. Parece que esta criança morreu em tenra idade, pois nos chegou notícias apenas de três filhos homens de José Luiz e “Dona Josefa”, ou seja: Joaquim Ramalho, João Evangelista Ramalho e Francisco de Paula Ramalho.
O primeiro registro de casamento do livro 1, folha 1, do livro próprio, é de José Luiz do Nascimento e Rita Balbina de Santana. Ele era filho de José Moreira Simões e de Justiniana Ferreira de Jesus. Ela era filha de Joaquim Tume de Santana e Francisca Maria da Conceição. Casaram-se em 4 de fevereiro de 1889. Não temos mais notícias desse casal que inaugurou o casamento civil na cidade de São José del Rei, logo depois nomeada Tiradentes.
O primeiro registro de óbito é de Jerônimo, filho, provavelmente, natural de Maria do Rosário, pois não consta o nome do pai. Maria do Rosário deveria ser preta ou parda, pois consta que era “liberta pela Lei de 13 de maio”. A data do falecimento é 4 de janeiro de 1889, na capela de Nossa Senhora do Pilar do Padre Gaspar, onde foi sepultado. O escrivão notário do cartório era Pedro Augusto da Costa.
Estes são, portanto, os primeiros registros civis da cidade de Tiradentes, que já somam 126 anos e estão no arquivo do cartório de registro civil e pessoas naturais de Tiradentes – MG.
Texto do Sócio Olinto Rodrigues dos Santos Filho
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